O cubo mágico
conectou quatro adolescentes diagnosticados com alguma deficiência física.
Gustavo nasceu sem os braços. Luiz Gustavo não enxerga nada. Natan e Guilherme
tem os movimentos limitados pela paralisia cerebral. Eles se encontraram no
Campeonato Brasileiro de Cubo Mágico On Line, realizado em maio de 2020. Mostraram
suas habilidades na categoria para Pessoas com Deficiência usando o cubo
tradicional conhecido como 3x3x3.
Guilherme Diaz
Montejane,
13 anos, São Paulo/SP. Desde criança, adora atividades que para ele são radicais
como jet ski, skate e corrida. Também curte esportes da mente. Sabe resolver seis cubos mágicos e quebra-cabeças
tridimensionais usados em campeonatos oficiais, como 2x2x2, 3x3x3, 4x4x4,
5x5x5, pyraminx e skewb. Demorou 20 minutos e trinta e oito segundos para
resolver o cubo mágico tradicional no Campeonato Brasileiro on Line. Criou o
canal Vem pro mundo azul no You Tube onde mostra um pouco como supera as
dificuldades encontradas por causa da paralisia cerebral. Uma das suas falas
revela que ele pensa que a vida não seria legal sem desafios.
O filme “A procura
da Felicidade” relata a história de Chris Gardner, representado por Will Smith.
É a luta de um pai que busca dar o melhor para o filho. Sua persistência é
recompensada quando é escolhido para trabalhar numa prestigiada firma de
corretagem, após impressionar um dos sócios resolvendo o cubo mágico. Motivado
pelo filme, Guilherme começou a assistir os tutoriais de resolução dos cubistas
Rafael Cinoto e Renan Cerpe.
A mãe Rafaela
Montejane Diaz engravidou aos 16 anos e teve um parto complicado. Percebeu que
o filho ia crescendo e não evoluía de acordo com a faixa etária adequada.
Descobriu quando ele tinha seis meses e não conseguia sentar que o diagnóstico
era de paralisia cerebral. Precisou passar pelo processo de aceitação e
insegurança e buscar caminhos para ajudar o filho. O constante incentivo, a
necessidade de persistir e a fé em Deus foram pilares fundamentais. “Era
importante ir para o mundo, jamais deixar ele em casa, procurar a evolução e foi
daí que a gente começou esta transição. Buscamos sempre proporcionar novas
sensações. As outras pessoas devem parar de olhar eles como coitadinhos porque
não são”, comentou a mãe.
Guilherme já usou
as mãos do pai, Fernando Montejane, para resolver o Mirror Block, um cubo curioso
e que invés de cores tem peças com
formatos retangulares e tamanhos diferentes. O adolescente sabe como resolver,
mas os movimentos mecânicos são complicados para executar, então, tem o apoio
que lhe garante o sucesso.
A Banda Fortunia
gravou um clipe com a música “Não será o fim”. Guilherme e Rafaela participaram
representando a superação humana diante das dificuldades. Sua história ajuda a atingir o objetivo do projeto: "Que esta obra possa chegar nas vidas e nos corações dos
necessitados. E nos ouvidos dos adormecidos."
Luiz Gustavo Medeiros Soares, 15 anos, Assaí/PR. Um adolescente
que toca violão, anda de bicicleta, pratica judô e atletismo. A mãe, Valdineia
dos Santos Medeiros, costuma dizer que ele enxerga com os olhos de Deus desde o
dia que viu ele acertando a bola na cesta de basquete. Foi assim, que sendo
cego total resolveu o cubo mágico em um minuto e trinta e dois segundos. O
embaralhamento exigido pela organização foi feito pela mãe que não sabe
resolver, mas aprendeu a aplicar o algoritmo.
Para conquistar este resultado
contou com diversas ajudas humanas. Os professores do Colégio Barão do Rio
Branco em parceria com Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR –
Campus Cornélio Procópio) realizaram um projeto para ensinar os alunos. Todos
os colegas da turma sabiam montar e ele não queria ser o único a não aprender.
A prima Luana Amaral Ferreira foi importante para concluir todas as etapas de aprendizagem. Ela
aproveitou o tempo de uma viagem de ônibus que durou cinco horas e o fim de
semana juntos para ensinar os algoritmos. “Eu mostrei os primeiros movimentos e
dei a ele um cubo adaptado com lantejoulas de formatos diferentes representando
as cores. Adaptamos um pyraminx e um 2x2x2, que vamos entregar quando a
pandemia acabar. Estamos planejando produzir tutorias com áudios que possam
auxiliar interessados com deficiência visual”, comentou professor Armando Paulo
da Silva, doutor em Ciência para a Educação.
Luiz nasceu com a
deficiência devido a uma má formação congênita rara. A mãe descobriu quando ele
tinha aproximadamente oito meses depois de observar que o olhar dele não seguia
o movimento das pessoas. A gravidez foi complicada, ela teve pré-eclâmpsia. Os
médicos suspeitaram que com a mãe tem o tipo sanguíneo A positivo e do pai é A
negativo, o organismo tentou rejeitar o embrião. “Um neurologista descobriu que
ele não enxerga por meio de uma tomografia e uma ressonância. Os
oftalmologistas não sabiam explicar. Somente depois de 12 anos, a
endocrologista que o orienta no tratamento para o crescimento, concluiu que por
falta de hormônio o nervo ótico não se formou”, informou a mãe.
Natan Cardoso, 17 anos, São
Paulo/SP. Nasceu prematuro pesando 610 gramas e medindo 28 centímetros. A
paralisia cerebral atingiu seu corpo do lado esquerdo.
Aprendeu com o
irmão Mateus Cardoso da Silva que participava de campeonatos e buscava melhorava
os tempos. No começo ele usava a mão direita para fazer os movimentos e a
esquerda para dar apoio. Depois aprendeu fórmulas para fazer apenas com uma
mão.
Informado sobre o
Campeonato Brasileiro on Line, ficou interessado e se inscreveu. O seu tempo
foi uma média de 41 segundos e noventa e nove centésimos.
Gustavo Laurentino
Galvani, 13 anos, Orleans/SC. É um adolescente que nasceu sem os braços e por
isso aprendeu a abraçar o mundo. Uma deficiência chamada amelia, caracterizada
pela ausência congênita total de um ou mais membros do corpo, o obrigou a fazer
muitas atividades de forma diferente.
Ele curte jogos
eletrônicos como Brawl Stars, Clash of Clans e Call of Duty Mobile. Participa
de campeonatos de xadrez, faz as refeições, escreve e joga cubo mágico.
Aprendeu a resolver seis cubos e quebra-cabeças tridimensionais usados em
campeonatos oficiais, como 2x2x2, 3x3x3, 4x4x4, pyraminx, skewb, square-1 e
está aprendendo os algoritmos do 5x5x5.
Sua habilidade com
os pés lhe garantiram uma medalha de bronze e duas de prata em campeonatos
oficiais realizados pela Associação Mundial de Cubo Mágico (WCA). Em 2019,
conquistou dois títulos de vice-campeão brasileiro, um de cubo mágico na
modalidade com os pés e outro no xadrez na categoria sub-12. Em 2020, participou
do Campeonato de Cubo Mágico on Line, ficou em primeiro lugar na categoria com
os pés e também para pessoas com deficiência resolvendo o cubo mágico com uma
média de trinta e seis segundos e trinta e dois centésimos.
A professora Eluana
Turazzi, do Colégio Meta, onde ele estuda, foi quem o ensinou e motivou levando
em campeonatos. Gustavo participa também dos campeonatos em equipe realizados
na região de Criciúma, no sul de Santa Catarina.
O canal Gustavo Galvani no You Tube apresenta tutoriais ensinando a resolver alguns tipos de cubo. Também faz uma campanha para que a Associação Mundial de Cubo Mágico revogue a decisão de banir a modalidade em que ele se destaca, pois isto inviabiliza seu sonho de ser campeão mundial.
O canal Gustavo Galvani no You Tube apresenta tutoriais ensinando a resolver alguns tipos de cubo. Também faz uma campanha para que a Associação Mundial de Cubo Mágico revogue a decisão de banir a modalidade em que ele se destaca, pois isto inviabiliza seu sonho de ser campeão mundial.
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